Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos (16,15-20)
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.
O silêncio e palavra
Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Certa vez o Silêncio andava muito triste, à beira da angústia. E a Palavra estava estressada, quase explodindo. O Silêncio resolveu se isolar. Não queria contato com ninguém. A Palavra, por sua vez, só sabia falar dos próprios problemas, não parava de tagarelar. Quando não tagarelava, ligava o som no volume máximo. Nem se importava com os vizinhos. Cada qual no seu mundo. Ninguém olhava para o outro, ninguém trocava um cumprimento sequer. A comunicação era zero, o mundo feio, sem cor, sem sabor!
Um dia o Silêncio sentiu-se perturbado. Tão perturbado, que não coube no quarto. Ele era tão grande, que as paredes do quarto ameaçavam ruir. Tratava-se de Silêncio profundamente egoísta, tanto assim que era vazio, bem oco mesmo. Então decidiu sair porta afora. Já não suportava ser só.
No mesmo dia a Palavra resolveu se calar e decidiu procurar o que lhe faltava: o silêncio. Ela deu-se conta de que algo em si e ao seu redor não estava bem. Sentia-se um vácuo. Nada do que dizia produzia efeito. Diante da multidão, repetia frases feitas, proferia pensamentos de autoajuda, apregoava o nome de Deus. Até emocionava. Mas era tudo sem alma. E a multidão continuava massa sem rumo. As pessoas, as coisas, os acontecimentos, os fatos, tudo fluía. Mas imperava a superficialidade, a falta de horizonte seguro. Faltava um nó que atasse as realidades, que desse sentido à totalidade da existência. O nó seria o encontro espontâneo entre o silêncio e a palavra.
Num dia comum, mas daqueles em que o sol nasce mais intenso e o céu, de tão azul, fica mais próximo da gente, aconteceu o milagre: o encontro de duas solidões. O silêncio e a palavra pararam frente a frente. Seus olhos brilhavam como brilham os olhos dos apaixonados. Desse encontro nasceu a comunicação, e dela todos os sentimentos bons que geram atitudes humanas e transformadoras: a amizade, o amor, a solidariedade, o perdão, a ternura, a compaixão, o respeito, a paz, a gentileza...
Nunca antes na história a humanidade houve tanta facilidade para se comunicar. Mas também, talvez, nunca antes se fez tanto barulho. O desafio é fazer a união entre o Silêncio e a Palavra. Não há dualidade, mas complementaridade. Assim haverá mais chance de uma comunicação fecunda, necessária e duradoura.
Fonte: Portal Paulus
Imagem: Wesléyan Anglican
Vídeo: Brasil Migrante - YouTube
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