terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Esculturas em palito de fósforo

As luzes da cidade, com um homem tocando violão

Esculturas em palito de fósforo


O argentino Santiago Calonga esculpe em palitos de fósforos desde os 13 anos e estima já ter produzido mais de 30 mil peças, a maioria milimétrica. As milhares de pequenas esculturas estão espalhadas pelo mundo, já que ele comercializa as peças pela internet.



"Máquina de dormir"

"Máquina de dormir", uma das preferidas do escultor, que tem um carinho especial pela peça, retrata carneirinhos pulando uma cerca, sobre um céu azul, em um espaço de 10 centímetros. Ao girar uma pequena manivela, um carneirinho milimétrico sobe e desce na caixinha, dando a impressão de se preparar para pular a cerca à sua frente. Sobre sua inspiração, ele diz: “Eu gosto de clichês. Sempre faço as esculturas pensando em clichês. Contar carneiros é clichê”, diz Calonga, com trabalhos já expostos na Argentina, Espanha, Portugal e Brasil.

“Máquina de Dormir” foi feita há cinco anos em comemoração ao Dia das Crianças promovido por um espaço de exposição em Higienópolis, região central de São Paulo. “Chamaram algumas pessoas para participar de um desafio de criar um brinquedo. Na verdade, eu faço brinquedos para adultos”, brinca ele.





Santo Antônio, uma das suas peças de arte sacra

O artista relembra que uma das fases mais curiosas de seu trabalho aconteceu quando ele chegou ao Brasil, em 2002, e começou a produzir peças inspiradas na arte sacra das cidades históricas de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, ele criava peças inspiradas no Kama Sutra, livro sobre centenas de posições sexuais. “Houve um tempo em que eu fazia arte sacra e Kama Sutra. Também teve uma época, no começo, em que uma pessoa me pediu alguns bonequinhos destroçados, achei estranho. E teve uma fase que eu fazia muitos personagens de circo”, revela. Atualmente, ele trabalha na produção de personagens da história “Alice no País das Maravilhas”. Grande parte das obras Calonga vendeu ou deu de presente a amigos.



Luta de capoeira, um dos trabalhos do artista: ele já expôs seus trabalhos na Argentina, Espanha, Portugal e Brasil 

Da Patagônia a Belo Horizonte

O argentino saiu da cidade de Ushuaia, na província de Terra del Fuego, Patagônia Argentina, aos 18 anos. De 1998 a 2002, viveu na Argentina, Espanha, Colômbia e Brasil.



Bonequinho ao violino

A arte de esculpir em fósforos, conta ele, é herança da mãe. “Minha mãe me ensinou quando eu tinha 13 anos. Meu avô e bisavô por parte de pai também eram escultores. Meu pai, como hobby, esculpia peças sacras em barro”, lembra. Mas de onde surgiu a arte de esculpir em palitos de fósforos? “Minha família aprendeu com um chileno, mas não existe muito registro sobre isso. Além do Chile, existe registro deste trabalho na França. É difícil dizer. Para esculpir uso linha de costura, resina, tinta, pedaço de papel, madeira de caixas de maçãs. Mas a base é sempre o palito de fósforo. Vivi disso minha vida toda e posso dizer que ganho dinheiro com as esculturas”, conta ele.

As peças, emenda ele, tem preços que variam de R$ 50,00 a R$ 1.000,00. O valor é calculado pelo tempo de trabalho. “Posso demorar minutos, horas ou dias em um trabalho. Eu dou valor ao meu trabalho pelo tempo. Não tenho como calcular quanto já ganhei porque já vendi em euro, dólar, peso e real. Nunca divulguei muito o meu trabalho e nunca me preocupei em ganhar muito dinheiro”, explica.

Calonga cursa design de produtos na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Mas ele já não é designer? “Sempre fui curioso”, resume o argentino.


Fonte: Último Segundo
Imagens: Portal Ig

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