Na cidade de Cafarnaum, num dia
de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam
admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não
como os mestres da Lei. Estava então na sinagoga um homem possuído por um
espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos
destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. Jesus o intimou: “Cala-te
e sai dele!” Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande
grito e saiu. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O
que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos
espíritos maus, e eles obedecem!” E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a
parte, em toda a região da Galileia.
Um ensinamento diferente
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
A primeira ação pública de Jesus
no Evangelho de Marcos acontece na sinagoga de Cafarnaum, com a expulsão de um
espírito impuro.
Por duas vezes o texto mostra as
pessoas admiradas com o ensinamento de Jesus: um ensinamento com autoridade, ou
seja, feito por quem sabia muito bem do que estava falando, definitivamente
diferente do ensinamento dos escribas, os entendidos na lei de Deus.
Agindo com o Espírito divino,
Jesus ensina tocando as pessoas nas situações concretas da vida. O ensinamento
dos escribas apresentava regras e teorias sobre um Deus que separava as pessoas
em puras e impuras, em agraciadas e malditas, em boas e más. Em vez disso,
Jesus ensina agindo. Ele não faz teologia, não explica teorias sobre Deus.
Agindo em favor das pessoas é que Jesus ensina quem é Deus.
No episódio de hoje, a ironia do
evangelho é mostrar que o espírito imundo que Jesus expulsa daquele homem
representa a própria lógica e esquema mantidos pelos escribas. Uma lógica que
exclui as pessoas, que não permite que elas sejam livres, que se encontrem com
um Deus infinito de amor e perdão. A estrutura mantida pelos escribas deseja
ter o controle da ação de Jesus, chamando-o pelo nome. Não é de estranhar,
portanto, que esse espírito impuro esteja dentro da própria sinagoga em dia de
sábado, em espaço sagrado num tempo sagrado.
Mas é Jesus quem tem a autoridade
de Deus. E o temem todos os poderes do mal, também os poderes disfarçados de
ensinamento religioso. E, nesse sentido, basta pensar no fanatismo hoje
alimentado em tanta gente de fé, explorada em suas misérias e mantida refém de
seus medos.
O ensinamento diferente de Jesus
nos garante que ele tem poder de agir sobre todas as forças do mal. Seguir hoje
este mestre de Cafarnaum, “o santo de Deus”, é deixar-se tocar por sua ação.
Pois é sua ação que continua a nos ensinar como é fundamental expulsar de nós e
de nossas comunidades todo espírito de divisão e exclusão.
Fonte: Portal Paulus
Imagem: Truth Book - Discover Jesus and the Urantia Book
Vídeo: YouTube by Brasil Migrante
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